Olha a graça do que escreveu Mario Quintana sobre a felicidade:
“Quantas vezes a gente, em busca da ventura,/ Procede tal qual o avozinho
infeliz:/ Em vão, por toda parte, os óculos procura/ Tendo-os na ponta do
nariz!”.
Digo isto para repetir que eu, de verdade, son tanto felice! E
essa felicidade é mais coisa dos genes (a minha fortuna gratuita!) como também
pelas aprendizagens para viver a vida.
Manuel Bandeira, ao se
saber tuberculoso jovenzíssimo, eternizou a certeza de morte próxima nos versos
que dizem: “Uma vida inteira que poderia ter sido e não foi.” Para mim, os
versos são o exato oposto: “Uma vida inteira que poderia não ter sido e foi.” E
é. E eu? Agradeço muito e sempre.
Não se pense que a minha vida é um mar de rosas. É só um jeito de
ter para a vida um olhar compassivo. O certo é que tenho cá os meus buracos,
meus tormentos, minhas tristezas, minhas angústias…
O contentamento de viver, no entanto, se mantém para além de
qualquer adversidade. Está certo o Riobaldo-Rosa: “Felicidade se acha é em
horinhas de descuido.” Para fechar, uma frase que li em algum lugar: “Não é
fácil encontrar a felicidade dentro da gente, mas é impossível encontrá-la em
outro lugar.”
Fique na paz!
Dilene Germano