Encontrei lá nos escombros da minha
caixa-pensante, pequenas lembranças que fazem a vida da gente mais leve. Não
sou descendente de rainha ou de alguma dinastia chinesa. Bem que gostaria de
festejar 65 anos de reinado, que nem a rainha da Inglaterra, morar num palácio e com milhares de
chapeuzinhos charmosos enfeitando minha cabeça. Mas como não sou amiga de
chapéu, então...nada feito.
Lembrei, para passar o tempo, de um vestido preto belíssimo que comprei para ser madrinha de casamento.
Vestido que me custou “os olhos da cara”. Na altura pensei: é caro, fica-me
bem, e como marinha é muito olhada e comentada, não vou encontrar lá nada
igual, "bora" comprar.
No dia do casamento, entrei na Igreja
repleta de gente impecavelmente vestida,
mas mesmo assim senti-me “única”: vestido bonito, cabelo impecável,
maquiada, saltos altos, meias da cor da pele, enfim, nos trinques.
Entrei pela mão do marido e ao lado de outros
casais que eu conhecia, esperando os
outras testemunhas. Olhei em volta e o
meu vestido era mesmo único.
Bem, foi único apenas durante os 10
minutos até a entrada de outro casal com a esposa com um vestido exatamente igual ao meu. Eu via que era
igualzinho. Até tentei achar que não, porque quem o usava pesava mais 30ks do
que eu, mais alta, usava meias pretas, saltos rasos e um colar enorme no
pescoço.
Sentei-me e nada nem ninguém me
animava. Queria apenas desaparecer num buraco. Nunca tinha passado por nada
igual.
Depois da cerimônia, no salão de
recepção me descolei… aos primeiros acordes de uma música mais mexida, dei por
mim a pensei: estou aqui para me divertir e logo saltei da cadeira, dancei e
não mais parei ao som de Garota Nacional, com a banda Skank . E esqueci o vestido preto... indefectível...
Depois de algum tempo, engordei um
pouquinho e resolvi oferecer a uma amiga. E ela amou.
Essa lembrança levou-me até a pessoas
queridas que conheci. E senti “saudades” do vestido preto que agora não
conseguiria vestir, mas isso não interessa nada... Tenho outro que ainda posso
usar e com outras histórias para contar.
E sorri...porque acho que a vida não nos leva muito a sério, e
nos devolve os fatos em lembranças hilárias para ver se aprendemos alguma
coisa!
Se aprendermos a levá-la com mais leveza.
Fique na paz!
Dilene Germano