Gosto dessas coisas que vêm do nada e
me fazem viajar no tempo e nas emoções.Para chegar ao sítio do Barreiro, passo
por diversas propriedades rurais e consequentemente, por muitas porteiras de
madeira trançada. E aí, mais uma vez vou de encontro às minhas memórias, nas
coisas mais simples, que me fazem mais feliz!
Isso lá pelos idos e pelas bandas de
Minas Gerais.
Porteiras:
tínhamos que abrir e fechá-las.... Era de lei...A gente adorava e havia até disputa no carro para ver quem ia
abrindo as porteiras. Hoje, disputa-se quem não vai...
Eu não era propriamente uma “menina da
porteira”. Mas eu gostava de abri-las porque aproveitava para pendurar nelas,
naquelas mais fortes, e usufruir dos seus percursos, ao abrir e fechar. Tudo
que servisse de gangorra era bom e divertido.
As porteiras eram minhas amigas.
Porteiras para mim, não tinha o significado que aprendi mais tarde: separar
pessoas e terras. Por intuição, elas e as cercas serviam para proteger os animais para não
sumirem de seus espaços. Além disso, elas enfeitavam os lugares, eram ótimas
para subir nelas e brincar, e eventualmente ter como correr e se esconder de alguns
animais que por ventura nos estranhassem.E como me salvaram dos gansos da tia
Clara e tio Juca!
De vez em quando tinha um menino ou
menina da porteira pra ajudar em troca de alguma moeda. Às vezes tinha muitos.
Ainda gosto de abrir porteiras, porque
me lembra a “roça” de minha infância: colocar os pés na terra, sentir o ar puro
(pode até não ser tão puro, mas é diferente da cidade), ouvir o galo cantar,
porque acordar com seu canto, são outros quinhentos, comer galinha caipira com
angu, tomar leite queimado antes de dormir, sentar à beira do fogão a lenha e
conversar com a vó Maria e meus tios, contar e ouvir histórias, dar boas risadas
com meus primos e primas, aquecendo meu coração.
Tudo bunitim...com jeito de
mineirim..Tem coisa “mió de bão”?Ah, num tem não, sô!!!!
Hoje vivemos corridos, estressados,
ansiosos, apavorados, com problemas, trabalho, doenças, estudos, violência,
trânsito infernal.Pra quebrar essa rotina, sair dela, vou para a “roça”.
E nessas minhas idas, cada vez que o
carro desliga perto de uma porteira, desço para escutar o ranger da madeira em meio ao silêncio e à paz da
natureza.Depois o carro segue para seu destino, deixando para trás uma porteira
fechada, outras tantas por abrir, muitas para fechar.
Gente bonita, caso sinta saudade ou queira sentir a beleza das coisas simples...venha...vou
deixar a porteira aberta!
Fique na paz!
Dilene Germano
Maravilha. Parabéns por nos permitir voltarmos ao nosso tempo de roça e matar a saudade. Era isso mesmo!
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