“
Falam de tudo. Da moral, do comportamento, dos sentimentos, das reações, dos
medos, das imperfeições, dos erros, das criancices, ranzinzices, chatices ,
mesmices, grandezas, feitos, espantos. Sobretudo falam do comportamento e falam
porque supõem saber. Mas não sabem, porque jamais foram capazes de sentir como
o outro sente. Se sentissem, não falariam.”
( Nelson Rodrigues)
Quando
fui lecionar no município de Itaguaí, achei muito estranho a enorme quantidade
de japoneses e descendentes que havia por lá. É claro que eu já tinha alguns
conhecimentos do modo de vida do povo japonês, através da televisão, dos
livros, revistas. Mas o contato direto com uma colônia japonesa foi algo
diferente do que imaginava. Era estranho e ao mesmo tempo muito fascinante
aprender ao vivo mais um pouco da cultura japonesa. Tanto que consegui aprender
a falar e escrever algumas palavras do
idioma japonês. É claro, somente o que me interessava, pois era difícil e complicado.
Participei
de muitas festividades ; jogos, aniversários, casamentos, etc, sempre
observando e comparando as diferenças.
Certa
vez , fui a um sepultamento do avô de um aluno de origem nipônica. Achei
estranho o costume de colocar frutas e doces e de não ter aquele clima de
tristeza e choro de nossa liturgia funerária ocidental. Daí, dei asas à
imaginação: puxa que falta de amor e respeito para com o morto!Eles não têm
sentimento!
Veja
só, eu estava julgando o modo de pensar sob o meu ponto de vista, segundo os
meus costumes, isto é, estava “ julgando o livro pela capa” .Confesso que me
senti um tanto decepcionada naquele momento pois não conseguia me colocar no
lugar daquela família .
Esse
fato me fez refletir: ainda hoje, também é muito difícil se colocar no lugar do
outro. Se pudéssemos fazer isso, quantos conflitos, decepções, constrangimento,
quantas brigas poderiam ser evitadas. Afinal, ninguém é melhor do que
ninguém, somos apenas diferentes.
E por
falar em diferença, existe um conto da sabedoria chinesa que fala sobre isso: “
Um homem colocava flores de todo tipo ( rosas, cravos, margaridas) no túmulo de
um parente, quando viu um velho chinês colocando um prato de arroz na lápide ao lado. O homem achou a cena
estranha e perguntou ao chinês:
- Desculpe pela intromissão, mas o senhor acha
que o defunto vai comer esse arroz?
E o
chinês respondeu:
- Sim, quando o seu vier cheirar as flores.!”
É uma
grande lição! Todos nós somos diferentes... temos idéias e atitudes que podem,
às vezes parecer incompreensíveis para os outros. Aprendi que o segredo do
verdadeiro respeito é saber que ninguém é dono da verdade e aceitar o que é
diferente e incompreensível para nós mesmos...
Ainda
bem, que em Itaguaí, eu achei estranho, mas não cheguei a explicitar minha falta de respeito.
Cada
pessoa tem a sua história, seu contexto de vida, suas peculiaridades. Não é uma
característica que a tornará pior ou melhor. Se colocássemos no lugar do outro,
não julgaríamos sem mais nem menos, prestaríamos atenção no que outro diz,
ouviríamos com calma, pensaríamos antes de agir, pediríamos desculpas quando
fosse o momento, responderíamos sem ofensas...
Felizmente,
a nossa capacidade de lutar, de seguir em frente, de aprender nos faz iguais. O
que diferencia é o quanto acreditamos em nós.
Fique na Paz! Pense bem e viva melhor!
Dilene
Germano
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