Na infância, adorava quando minha mãe fazia tranças em mim. Era uma coisa tão boa,
gostosa , que nunca pensei na força que me trazia, e que até hoje a simples
lembrança dela ainda me traz.
Como um ato tão simples pode ser tão
rico. Só mesmo a tradição para nos lembrar quanta coisa pode estar por trás de
um gesto.
É disso que fala esse texto poético que
achei na net A autora é uma mexicana contemporânea, chama-se Paola Klug .
(Historia contada pelas ‘abuelas’ da Nicaragua)
“Minha avó me dizia: quando te sintas
triste, menina, entrança o cabelo, prende a dor na madeixa e deixa escapar o
cabelo solto somente quando o vento do norte sopre com força. O nosso cabelo é
uma rede capaz de apanhar tudo, é forte como as raízes do cipreste e suave como
a espuma do atole.
Que não te apanhe desprevenida a
melancolia, minha neta, ainda que tenhas o coração despedaçado ou os ossos
frios com alguma ausência. Não deixes que a tristeza entre em ti com o teu
cabelo solto, porque ela irá fluir em cascata através dos canais que a lua
traçou no teu corpo.
Trança a tua tristeza, dizia. Trança
sempre a tua tristeza.
E na manhã, ao acordar com o canto do
pássaro, ele encontrará a tristeza pálida e desvanecida entre o trançar dos
teus cabelos”…
E homenageando esse maravilhoso texto ,
trancei meu cabelo. Não há tristeza que não se entrelace...
Dilene Germano
Fique na paz!
vc é gata
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