Hoje eu posso dizer: com o passar dos
anos, fiquei mais boba. Não no sentido de ignorante, mas como disse Clarice
Lispector: "O bobo ganha utilidade e sabedoria para viver." Então,
estou mais boba para viver melhor a vida.
Hoje, tenho rugas, mas nem me importo!
Sabe por que? Ando descobrindo que a elasticidade da pele não se compara com a
largueza da alma. Né não?
OK, eu envelheci. E isso só significa
uma coisa: que eu envelheci. Não tenho e nem quero ter o espírito jovem. Quero
ter um espírito milenar, muito, muito velho, experiente, que enxergue bem além
das falsas aparências que criamos, e que viaje além das barreiras que a
ignorância ergueu. Prefiro a simplicidade de um sorriso e sei ver a dobra dos
lábios; prefiro me calar do que falar. Ponto.
Mas tem uma coisa nessa minha bobeira:
não gosto dessa mania de se referir a pessoas velhas no diminutivo. Que
chato!!!! Por que não falar pura e simplesmente de um senhor ou uma senhora de
60, 70, 80 anos? Qual é a necessidade de chamá-los no diminutivo? Baseado em quê? Velhice não é defeito. Não é
regressão à infância. Enfraquece, mas
não necessariamente imbeciliza. Nem existe Lei Afonso Arinos para velhos!
Querem mostrar respeito? Basta pararem de frescura. É importante dizer que
‘infantilizar’ não é a mesma coisa que tratar com carinho.
Não me tornei uma bonitinha coitadinha,
que gracinha, e jamais me tornarei.
Quando chegar a hora, quero caminhar à
beira da montanha e olhar lá para baixo sem medos e sem apegos, sentindo-me
pronta para quando o vento soprar e chegar a minha vez de cair. Acho que será
no exato momento em que eu descobrirei que posso voar.
E como deve ser bom voar!!!Sem amarras
livre de tudo e todos! Sou mesmo uma grande boba!
Fique na paz!
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