Hoje, mais do que necessário, é exigida
uma fragmentação de nosso eu , como se fôssemos um...Frankenstein pós-moderno.
De vez em quando, vestimos nossas outras peles.Mas, quando percebemos que apesar
dessa fragmentação de “eus” a que somos obrigados, abraçamos todos os
eus de nós mesmos e ainda continuamos constituídos em uma criatura multiplural!
Assim, tem hora que sou criança, me
pego brincando ou até mesmo brigando por bobagens.
Tem hora que sou muito velha e
rabugenta, certos barulhos me incomodam;
De repente, viro filha carente, louca
por um colo...
Sou estrela, quero todas as atenções
para mim,
Sou platéia, viro fã das coisas simples, que
acontecem todos os dias e vejo nelas
algo fantástico.
Mulher, criança, mãe, avó, velha,
jovem, esposa, tia, profissional, vizinha, irmã, patroa, empregada.
Dentro de mim existe uma multidão e
tenho que agir de forma diferente a cada instante.
Tenho que ser psicóloga, amiga,
ouvinte, nutricionista, médica, conselheira, da limpeza, bióloga, decifradora
de sintomas,cozinheira, professora, pai, mãe, avó, irmã, prima, tia, parente
próximo e distante...
Tenho que tratar, curar, resolver,
calar...Tenho que sorrir sempre, responder nunca, concordar a todo
momento...Tenho que resolver, encontrar, procurar, apressar ...Tenho que ligar,
chamar, ensinar, aprender, adivinhar, fingir, contar...
Vou de um lado para o outro no palco da
vida, segurando todas essas sensações contraditórias, representando vários
papéis ao mesmo tempo. Personagens que querem viver intensamente.
É ruim? Acho até que não! Essa multidão
dentro de mim pede movimento, ação. E por isso devo lutar para que cada um
desses tipos, desses personagens que vive em mim, tenha seu momento de alegria,
de sucesso. E é preciso muita luta para comemorar o sucesso de cada um.
Lembra-se do “ unidos venceremos”? Nada mais certo: a força da união é
definitiva. Com certeza, posso tornar o mundo mais leve e otimista, e estamos
precisando muuuuito disso!
Eu, plural, forte, sei que sozinha,
tenho que ser um exército preparado para vencer, porque...somos muito em um só!
Como disse Adélia Prado entrando no fundinho
da alma feminina e nos enxergou assim : Mulheres desdobráveis!!!!!! Fique na Paz!
Dilene Germano
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