“ ... fagulhas, pontas de agulhas/brilham
estrelas de São João/ babados, xotes e
xaxados/ segura as pontas meu coração/ bombas na guerra-magia / ninguém matava/
ninguém morria/ nas trincheiras da alegria/ o que explodia era o amor...”
A festa junina é assim mesmo como Moraes
Moreira a descreve. Tudo acaba bem.
Quando chega o mês de junho, todos já sabem:
São João vem aí. È hora de preparar os chapéus de palha, as bandeirolas, os
vestidos rodados, convidar comadre e
compadre para dançar quadrilha, acender fogueiras e se esbaldar de tanto comer
pipoca, cocada, pé-de-moleque, caldinhos, etc.
Graças às escolas principalmente, aqui em
Itaperuna essa tradição tem se mantido, fazendo com que nessa época do ano, o
Brasil rural contagie a nós todos, e as crianças coloquem o “ pé na roça” .
Ainda que as festas juninas tenham ajudado a
criar uma imagem estereotipada do homem do campo, questionada por muitos – um
sujeito que fala errado, com dentes sujos e calça na altura das canelas, cheias de remendos – uma coisa é certa, a tradição ainda sobrevive. Ao contrário das
grandes cidades, que vão deixando de lado o caráter folclórico destas festas.
As festas juninas somam hoje, contribuições de
vários povos que aqui se estabeleceram com o passar dos tempos, formando um
verdadeiro “ coquetel de culturas” num arranjo perfeito para apreciarmos estas
alegres e descontraídas festas: a tradição de soltar fogos de artifícios que
veio da China ( região onde teria surgido a manipulação da pólvora para a
fabricação de fogos ) , da península Ibérica teria vindo a dança de fitas, muito
comum em Portugal e Espanha além do caráter religioso ( homenagens aos santos
católicos São João, São Pedro e Santo Antonio) e uma colher de chá da tradição francesa com a
dança marcada, característica típica das danças nobres, influenciando muito as
nossas quadrilhas. Todos esses elementos foram se misturando aos aspectos
culturais dos brasileiros ( indígena , afro-brasileiros e imigrantes europeus ).
Itaperuna, não vamos deixar essa tradição
morrer. Passar o mês de junho sem “ pipocar”
nessas animadas festividades é deixar de viver momentos felizes de pura
descontração. Parabéns aos que realizaram eventos juninos e que continuem
todos os anos a reavivar velhas tradições, reforçar nossos laços de origem e
recriar no presente, a caminhada de nossos antepassados.A população agradece o
empenho, os momentos alegres, a organização cuidadosa e a oportunidade de
participar de uma festa popular, pois, com a dinâmica da vida de hoje, que
criou um tempo novo, carecemos de mais
espaço para o convívio, para a alegria, para o sonho...
Portanto, unindo música, dança, casamento,
teatro, leilões, bingos, quadrilhas, sanfoneiros e boas comidas típicas, as
festas juninas expressam um imaginário rico em passagens da vida cotidiana de
um povo simples. E é, antes de tudo, uma oportunidade onde se dança e canta os
costumes herdados da sabedoria de nossos ancestrais. Sábios ensinamentos de um
tempo que o próprio tempo se encarregou de deixar para trás, mas que nossa
memória nega-se de esquecer.
Termino no meu bom “ matutês” : “ Anavantur” ( avant tour) , “ balancê” ( balancer) ,
“ anarriê ( derrière) e “ cé fini” ( c´est fini).
Dilene Germano
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