segunda-feira, 1 de outubro de 2012

SER VELHO OU IDOSO: EIS A QUESTÃO


SER VELHO OU IDOSO: EIS A QUESTÃO


   È muito comum ouvirmos as seguintes expressões: “fulano é tão jovem, mas tem a mentalidade de um velho”, “ fulano é idoso mas tem a cabeça de um jovem de 20 anos”, “ você não parece que tem 65 anos sua aparência é de 45”, ‘ fulano é velho, é idoso ou e está na 3ª idade”   ou como a maioria gosta de dizer, na melhor idade.
 Leva-se em conta, as idades biológica, social e psicológica que não coincidem necessariamente com a cronológica .A reflexão sobre as idades mencionadas acima faz-se necessária para que o envelhecer seja percebido nos seus mais diversos aspectos, lembrando que cada uma dessas idades apresenta pontos de relevância significativa diferenciada e complementam uma a outra.
  O envelhecimento é uma preocupação constante do homem em todos os tempos e  não é visto como algo natural em nossa cultura ocidental, sendo rejeitado em sua evidência,
 O desejo de controlar o envelhecimento é um anseio legítimo, mas não pode ser um processo que nos faz infeliz, sem esperança. Não sou contra os métodos de rejuvenescimento e as cirurgias plásticas, muito ao contrário, mas considero que não  podemos apagar as histórias contadas  pelos nossos rostos, pois eles são marcadores da humanidade.
 A aceitação da velhice como uma realidade e a compreensão de que se pode ser plenamente feliz em qualquer idade é o caminho certo para evitar a infelicidade. Tudo depende da pessoa, é uma questão de conduta, de postura diante da vida e do seu próprio organismo.
   Em vez de nos entregarmos ao peso da idade, devemos aprender a degustar a sabedoria que o tempo pode trazer. A mídia  utiliza  imagens onde só tem espaço a beleza padronizada e a juventude, se esquecendo que essa parcela da sociedade cresce estatisticamente.Não há como negar que a sociedade brasileira está ficando grisalha, jamais em tempo algum da história houve tantos indivíduos atingindo uma idade avançada.
   Não posso deixar de observar que em nossa sociedade, a julgar por tudo aquilo que temos visto, que a grande maioria dos idosos são tratados como descartáveis e não como pessoas indicadas a nos dar uma opinião através de suas experiências, sejam elas pessoais ou de trabalho.
Repare como os velhos têm que viver repetindo o que falam e nada do que dizem nunca é ouvido da primeira vez.
Abraços e beijos públicos entre eles merecem olhares velados de censura, sua presença em sala de aula exige explicação, espera-se que se vistam com roupas “adequadas”, o uso de brincos, tatuagens e piercing (comum entre os jovens) merece olhar de reprovação...
É difícil explicar o fato de haver discriminação surda e velada contra todo velho, apenas por ele ter vivido muito.
Muitas vezes o idoso é “obrigado” a se afastar de seu trabalho para dar lugar aos jovens que estão entrando no mercado de trabalho, tendo assim que guardar para si toda a sua potencialidade.Ás vezes pessoas que se aposentam, acarretam algumas decepções e frustrações com as perdas tanto materiais, como sociais e psicológicas. Mas devemos considerar isso, como um ciclo de nossas vidas ( passamos por tantos). È só sabermos nos preparar e ter a coragem de modificar nosso estilo de vida para melhor. Alguém disse que, não é somente importante acrescentar anos à vida, mas também acrescentar vida aos anos.
    Hoje vivemos numa aldeia globalizada, onde o outro lado do mundo ‘ é ali”. Assim, podemos conhecer, observar , respeitar a diversidade cultural e sobretudo...aprender.
  Sabe-se que na cultura oriental, o idoso é o membro da família detentor de sabedoria e profundo respeito. Conselhos são pedidos a ele, que não possui somente uma soma de anos, mas de valores, experiência e sabedoria que guiam os mais jovens nos desafios e caminhos que a vida proporciona.
   Parece-lhes tão simples  conhecer de antemão o caminho que deverá ser percorrido, os alertas que devem estar atentos, as adversidades que vão encontrar, pelo simples fato de acreditarem e confiarem em seus antecessores.E o mais importante: lhes são gratos.
E nós, o que aprendemos com os nossos? Nos servem de conselheiros? Creio que não. A nossa sociedade tem outro olhar diante do idoso.
Você já percebeu que quando vamos envelhecendo, nos tornamos “ intocáveis”? Ninguém se lembra de tocar um idoso através de um abraço, um carinho, somente os tocam os profissionais da saúde!
   Obviamente que existe conflito de gerações nos lares, mudanças de hábitos, de tecnologias, mas lhes pergunto: o respeito, os bons costumes, os sentimentos também saíram de moda?
Diferente dos orientais, a maioria de nós despreza tamanha oferta de saber, desconhecendo que os idosos são importantes fontes orais na transmissão da História devido aos conhecimentos vivenciados e acumulados.
 Hoje, tudo o que se quer na área médica, especialmente na geriatria é o envelhecimento com qualidade de vida. Fala-se em prevenção de doenças, avanços nos tratamentos, mas conseguiremos curar o mal da solidão e do abandono?
Com certeza já passou da hora de nos educarmos e a nossos filhos. Vamos compreender que muitas vezes o andar vagaroso, as mãos trêmulas e a voz com tons mais baixos não significam fraqueza, mas sinais que neste momento precisam ser mais abraçados do que abraçar.
 È muito importante o apoio da família, através de um convívio harmonioso e alegre. Ajudar e ser ajudado é muito bom. È preciso reunir a família nas horas boas como também nas horas ruins e sobretudo,  respeitar o jeito de cada um .
E então, caríssimos colegas de tempo de vida: qualquer que seja a sua idade-  cronológica, biológica ou psicológica- seja feliz em qualquer uma delas ou em todas elas. 
 Olhe as coisas de uma maneira mais aberta, sem censura, sem preconceitos, procurando sempre se adaptar.
 Procure se cuidar, física , mental e espiritualmente,corra a favor do tempo para uma vida saudável, mas essa corrida deve partir também de forças administrativas, da sociedade ( principalmente para garantir e assegurar a participação do idoso frágil, pobre e analfabeto, respeitando suas capacidades e limitações). 
Curta suas memórias históricas, seu estilo de música e de dança, seus amores.
 Lute para que  seus direitos sociais, políticos e econômicos sejam plenamente respeitados e levados a sério.
Seja um adepto do exercício físico ( como faz bem ao corpo e a mente!).
 Reflita beleza , solidariedade, amor, plenitude, responsabilidade, humildade, alegria e sobretudo, discernimento. Gerencie suas emoções, seus desejos, suas ações.
Procure chegar bem aos 60, 65, 70, 80, 90 ou mais, pois viver essas fases pode ser algo gratificante e bastante prazeroso quando se tem consciência de que viver vale a pena e agradecer a Deus por estar vivo.
Compreender  que a vida não deve ser desperdiçada e sim aproveitada e que a fase em que você está é apenas uma etapa em sua vida e mesmo que fosse a última, isto não é uma aberração, e sim o ciclo natural da vida.
Como já dizia Guimarães Rosa: “ o real não está  nem na saída e nem na chegada. Está na travessia” .
Não sou especialista nessa questão, mas  gostaria de passar um pouco de minha vivência como uma  idosa de 68 anos, professora aposentada por opção, mas aprendiz  como aluna da vida ..
 Ser velho ou idoso: eis a questão. Reflita sobre a citação de um autor desconhecido :“ o idoso se renova a cada dia que começa, o velho se acaba em cada dia que termina, pois o idoso tem seus olhos postos para o horizonte e o velho tem seu olhar voltado para as sombras do seu passado. O idoso faz planos e o velho só tem saudades e assim, o idoso tem muita idade e o velho perdeu a jovialidade”.
Portanto, sou uma professora idosa, aposentada por opção e aprendiz por escolha!
 Estou feliz com os meus 68 anos, com o corpo de 68 anos e a mente de 68 anos (bem cuidados evidentemente) como uma “ fashionista”  antenada, minimamente estilosa, com sutil vaidade, sob a proteção de um Deus maravilhoso !

       Dilene Germano

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