quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

MILHO: "UM BELO GESTO DA TERRA" (Dilene Germano)



Milho na brasa... O dia estava ensolarado e apesar do calor, aproveitamos para ir até lá na roça colher algumas espigas de milho para fazer papa e assar na brasa .
As roças de milho por aqui estão boas, mas com esse sol rajando e a chuva que não vem tomara não sejam muito prejudicadas. Como é belo o milho !
Rubem Braga já falara de Seu “Pé de Milho” ,era um só pé de milho, no jardim...
um só, isolado, mas de bela figura: “Um belo gesto da terra”!!!Os nossos eram muitos, uma roça inteira de milho
Um milharal!Um carinho da terra!!!
Cora Coralina  reserva a esse vegetal obscuro um espaço mais significativo: o milho, personificado, assume a voz lírica e agradece, em tom de oração, a sua humildade necessária:
“O Justo não me consagrou Pão da Vida, nem lugar me foi dado nos altares.
Sou apénas o alimento forte e substancial dos que trabalham a terra, onde não vinga o trigo nobre.
Sou de origem obscura e de ascendência pobre. Alimento de rústicos e animais do jugo.
Fui o angú pesado e constante do escravo na exaustão do eito.
Sou a broa grosseira e modesta do pequeno sitiante. Sou a farinha econômica do proletário.
Sou a polenta do imigrante e a miga dos que começam a vida em terra estranha.
Sou apénas a fartura generosa e despreocupada dos paióis.
Sou o cocho abastecido donde rumina o gado
Sou o canto festivo dos galos na glória do dia que amanhece.
Sou o carcarejo alegre das poedeiras à volta dos seus ninhos.
Sou a pobreza vegetal, agradecida a Vós, Senhor, que me fizeste necessária e humilde
SOU O MILHO” (Cora Coralina)



O milho se divide, mas a cor e o gosto cada um decide. Tirei algumas fotos pra vocês. 


Do milho verde não tem o que não fica bom.

Delícia de milho assado na brasa do fogão à lenha. O espaço gourmet era em volta do  fogão de lenha da D. Ângela.



E o mingau de milho verde? Eu conheço como “papa de milho verde”, coisas de mineiro, né? Tem gente que gosta quente, outros gelada. Eu prefiro de qualquer jeito! Adoro!! Eu acho que nos banquetes dos deuses do Olimpo só podiam servir papa de milho!.


Não preciso dar a receita porque todo mundo por aqui já sabe a maneira de fazê-la. É todo um ritual. Depois de pronta  e colocada nos devidos recipientes é a hora de “rapar” (raspar) a panela. Eita coisa boa! Me lembro que quando criança, não podia fazer isso, pois diziam que papa quente dá dor de barriga....
Quanta lembrança boa...infância, casa de mãe, casa de avó, roça, boa prosa...e por aí vai.
Fique na paz!

 Dilene Germano

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