sexta-feira, 25 de abril de 2014

MARCAS DO QUE VIVEMOS (Dilene Germano)

“Se não admitimos as marcas daquilo que vivemos , alegrias no bigode chinês, o susto com o tombo do menino nas têmporas, a traição no meio da testa, tantas saudades nas bolsas abaixo dos olhos, uma coleção de bons acontecimentos no franzido acima do nariz, a derrota do timão no vinco entre as sobrancelhas, como autorizar que a bossa, a naturalidade, o charme e o que é mais verdadeiro permaneça em nós? Se negamos o direito dos acontecimentos nos marcarem, como autorizaremos que nosso sorriso, ou mais ainda, nosso olhar, carregue aquilo que um dia fomos?”(Fabíola Simões)
  Hoje tive o prazer de saborear  uma deliciosa canjiquinha na casa de uma amiga muito querida. Gente muito bonita. Conversa vai e conversa vem...assunto não nos faltava...cotidiano...maturidade... experiências... inevitavelmente  falamos também sobre o envelhecimento. O que se ganha e o que se perde. O fato é que todos nós vamos envelhecer...Querendo ou não, iremos todos envelhecer. As pernas irão pesar, a coluna doer, o colesterol aumentar. A imagem no espelho irá se alterar gradativamente e perderemos estatura, lábios e cabelos.
Mas pra tudo dá-se um jeito. Um pouco de exercício físico no decorrer da vida e até mesmo ao envelhecer fazem com que as pernas não pesem tanto, a coluna não doa, o colesterol não aumente, fazem com que mantenha a postura e mantenha a estatura.
Imagina tudo isso unido a uma alma com o humor dos dez, o viço dos vinte e o erotismo dos trinta anos? No inicio a gente choca depois vai acostumando. Mas se acostumar com as mudanças registradas no espelho não é mole.
A boa notícia é que a alma pode permanecer com o humor dos dez, o viço dos vinte e o erotismo dos trinta anos. Um brinde a isso !
A alma permanece  criança quando aceita a passagem do tempo com leveza e conserva o bom humor apesar dos vincos em torno dos olhos e o código de barras acima dos lábios.
A alma permanece viçosa quando se diverte,  se perdoa,  ri de si mesma e faz as pazes com sua história. Quando usa a espontaneidade pra ser sensual, se despe de preconceitos, intolerâncias, desafetos.
A alma permanece erótica quando não esconde seus defeitos,  não se culpa pela passagem do tempo, aceita suas dores, atravessa seu deserto e ama sem pudores.
Aprenda: bisturi algum vai dar conta das rugas de uma alma.
Fique na paz!

        Dilene Germano

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