segunda-feira, 27 de outubro de 2014

MULTIPLURAL (Dilene Germano)




Hoje, mais do que necessário, é exigida uma fragmentação de nosso eu , como se fôssemos um...Frankenstein pós-moderno. De vez em quando, vestimos nossas outras peles.Mas, quando percebemos  que apesar  dessa fragmentação de “eus” a que somos obrigados, abraçamos todos os eus de nós mesmos e ainda continuamos constituídos em  uma criatura multiplural!
Assim, tem hora que sou criança, me pego brincando ou até mesmo brigando por bobagens.
Tem hora que sou muito velha e rabugenta, certos barulhos me incomodam;
De repente, viro filha carente, louca por um colo...
Sou estrela, quero todas as atenções para mim,
 Sou platéia, viro fã das coisas simples, que acontecem todos os dias e  vejo nelas algo fantástico.
Mulher, criança, mãe, avó, velha, jovem, esposa, tia, profissional, vizinha, irmã, patroa, empregada.
Dentro de mim existe uma multidão e tenho que agir de forma diferente a cada instante.
Tenho que ser psicóloga, amiga, ouvinte, nutricionista, médica, conselheira, da limpeza, bióloga, decifradora de sintomas,cozinheira, professora, pai, mãe, avó, irmã, prima, tia, parente próximo e distante...
Tenho que tratar, curar, resolver, calar...Tenho que sorrir sempre, responder nunca, concordar a todo momento...Tenho que resolver, encontrar, procurar, apressar ...Tenho que ligar, chamar, ensinar, aprender, adivinhar, fingir, contar...
Vou de um lado para o outro no palco da vida, segurando todas essas sensações contraditórias, representando vários papéis ao mesmo tempo. Personagens que querem viver intensamente.
É ruim? Acho até que não! Essa multidão dentro de mim pede movimento, ação. E por isso devo lutar para que cada um desses tipos, desses personagens que vive em mim, tenha seu momento de alegria, de sucesso. E é preciso muita luta para comemorar o sucesso de cada um. Lembra-se do “ unidos venceremos”? Nada mais certo: a força da união é definitiva. Com certeza, posso tornar o mundo mais leve e otimista, e estamos precisando muuuuito disso!
Eu, plural, forte, sei que sozinha, tenho que ser um exército preparado para vencer, porque...somos muito em um só!
 Como disse Adélia Prado entrando no fundinho da alma feminina e nos enxergou assim : Mulheres desdobráveis!!!!!!  Fique na Paz!                      

               Dilene Germano

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