quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

DE ALMA LAVADA (Dilene Germano)

 Por mais que tentemos fugir da realidade, poetizando e inventando um lugar diferente, aqui, como toda a minha cidade está quente e o calor irrita mais que qualquer coisa. O calor castiga, logo, o fim da tarde passa  a ser o melhor momento para aquela água correndo solta no chuveirão.
Mas aaaaaah... Não há nada melhor. A água, os sapos, os grilos e todo aquele verde ao redor  servindo de paisagem. Quando seria possível no  banheiro apertado tomar um banho olhando os morros, as colinas, as pastagens ao longe? Nem nos nossos mais incríveis sonhos...



Mas aqui é a roça. Quase tudo pode. E no sítio a liberdade é tão grande que a felicidade vem coladinha com ela. A água fria parece lavar até a alma. Ela liberta  emoções, libera endorfina, faz a pele arrepiar e então os azulejos rachados são o verde escurecendo ao longe, o cheiro do xampu é o aroma da fruta no pé, o sabão correndo por entre os dedos é aquele friozinho se espalhando pelo corpo.
Banho no quintal é quase relíquia. Água gelada, cheirinho bom, lugar bonito... Qualquer tristeza, coitada... se esvai rodopiando pelo ralo toda enrolada na espuma.
Gente bonita, me perdoe  pela água usada, nestes tempos de seca. É que eu precisava encharcar o corpo inteiro pra me sentir renovada.
Eita...coisas da roça!
Fique na paz!

  Dilene Germano.

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