segunda-feira, 9 de outubro de 2017

PÉ OU CABEÇA DE ALFACE?


Ontem fui ao supermercado e na sessão de hortifruti, um garotinho disse: “ mãe, leva uma cabeça de alface?”
Fiquei surpresa por dois motivos: primeiro, é de se estranhar um garoto de uns seis anos gostar de alface e segundo porque ele disse “cabeça de alface” e não “pé de alface” como costumamos dizer.
E não é que o pé de alface me chamou a atenção? Por curiosidade , fiquei sabendo que a história da humanidade lhe faz referência desde os antigos persas.
Hipócrates fala em seu uso na antiga Grécia. Na mitologia grega, a alface é citada quando a deusa Vênus esconde o belo Adonis, filho de Mirra num pé de alface. Entre os romanos, a alface era consagrada a Vênus e não se comia por ser uma profanação. Tempos depois, foi adotado o costume de comer a salada no fim da refeição, e diz Virgílio que essa erva deliciosa finalizava os jantares dos nobres.
E observando um ou uma alface, minha mente entrou de sola. Redondinha, repolhuda ou não, mas com umas pontinhas aqui, outras acolá, e até machucadinha por fora, mas cheinha de camadas por dentro.
E quando o alface vai se abrindo, lá dentro, bem escondidinho, mas sem mistérios, está um coraçãozinho branquinho.
Muita gente acha o alface sem muito gosto, sem muita cor, mas ele nem está aí...vai seguindo sua vida sempre firme e presente em toda parte do mundo.
Se tenho que me conformar com tanta interface, memória, tempo, trauma, carma, padrão e vai saber mais o que ainda terei que conviver, que eu possa ser assim, como um alface
 Quero ter camadas assim, mais tranquilas, descomplicadas e desorganizadas, mas muito unidas...
Então, o garotinho estava certo: errado é falar “pé de alface”. A gente tem mesmo é que dizer “cabeça de alface”!
Entenderam?
Fique na paz!
                     Dilene Germano


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