sexta-feira, 24 de novembro de 2017

BONITINHA, SENHORINHA, COITADINHA, ENGRAÇADINHA!! EU? (Dilene Germano)


Hoje eu posso dizer: com o passar dos anos, fiquei mais boba. Não no sentido de ignorante, mas como disse Clarice Lispector: "O bobo ganha utilidade e sabedoria para viver." Então, estou mais boba para viver melhor a vida.
Hoje, tenho rugas, mas nem me importo! Sabe por que?  Ando descobrindo que  a elasticidade da pele não se compara com a largueza da alma. Né não?
OK, eu envelheci. E isso só significa uma coisa: que eu envelheci. Não tenho e nem quero ter o espírito jovem. Quero ter um espírito milenar, muito, muito velho, experiente, que enxergue bem além das falsas aparências que criamos, e que viaje além das barreiras que a ignorância ergueu. Prefiro a simplicidade de um sorriso e sei ver a dobra dos lábios; prefiro me calar do que falar. Ponto.
Mas tem uma coisa nessa minha bobeira: não gosto dessa mania de se referir a pessoas velhas no diminutivo. Que chato!!!! Por que não falar pura e simplesmente de um senhor ou uma senhora de 60, 70, 80 anos? Qual é a necessidade de chamá-los no diminutivo?  Baseado em quê? Velhice não é defeito. Não é regressão à infância.  Enfraquece, mas não necessariamente imbeciliza. Nem existe Lei Afonso Arinos para velhos! Querem mostrar respeito? Basta pararem de frescura. É importante dizer que ‘infantilizar’ não é a mesma coisa que tratar com carinho.
Não me tornei uma bonitinha coitadinha, que gracinha, e jamais me tornarei.
Quando chegar a hora, quero caminhar à beira da montanha e olhar lá para baixo sem medos e sem apegos, sentindo-me pronta para quando o vento soprar e chegar a minha vez de cair. Acho que será no exato momento em que eu descobrirei que posso voar.
E como deve ser bom voar!!!Sem amarras livre de tudo e todos! Sou mesmo uma grande boba!

Fique na paz!

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