domingo, 24 de junho de 2018

AQUI TEM FESTA, AQUI TEM TRADIÇÃO (Dilene Germano)


 “ ... fagulhas, pontas de agulhas/brilham estrelas de São João/  babados, xotes e xaxados/ segura as pontas meu coração/ bombas na guerra-magia / ninguém matava/ ninguém morria/ nas trincheiras da alegria/ o que explodia era o amor...” 
   A festa junina é assim mesmo como Moraes Moreira a descreve. Tudo acaba bem.
   Quando chega o mês de junho, todos já sabem: São João vem aí. È hora de preparar os chapéus de palha, as bandeirolas, os vestidos rodados, convidar  comadre e compadre para dançar quadrilha, acender fogueiras e se esbaldar de tanto comer pipoca, cocada, pé-de-moleque, caldinhos, etc.
   Graças às escolas principalmente, aqui em Itaperuna essa tradição tem se mantido, fazendo com que nessa época do ano, o Brasil rural contagie a nós todos, e as crianças coloquem o “ pé na roça” .
 Ainda que as festas juninas tenham ajudado a criar uma imagem estereotipada do homem do campo, questionada por muitos – um sujeito que fala errado, com dentes sujos e calça na altura das canelas,  cheias de remendos – uma coisa é certa,  a tradição ainda sobrevive. Ao contrário das grandes cidades, que vão deixando de lado o caráter folclórico destas festas.
   As festas juninas somam hoje, contribuições de vários povos que aqui se estabeleceram com o passar dos tempos, formando um verdadeiro “ coquetel de culturas” num arranjo perfeito para apreciarmos estas alegres e descontraídas festas: a tradição de soltar fogos de artifícios que veio da China ( região onde teria surgido a manipulação da pólvora para a fabricação de fogos ) , da península Ibérica teria vindo a dança de fitas, muito comum em Portugal e Espanha além do caráter religioso ( homenagens aos santos católicos São João, São Pedro e Santo Antonio) e  uma colher de chá da tradição francesa com a dança marcada, característica típica das danças nobres, influenciando muito as nossas quadrilhas. Todos esses elementos foram se misturando aos aspectos culturais dos brasileiros (  indígena ,  afro-brasileiros e imigrantes europeus ).
      Itaperuna, não vamos deixar essa tradição morrer. Passar o mês de junho sem  “ pipocar” nessas animadas festividades é deixar de viver momentos felizes de pura descontração. Parabéns aos que realizaram eventos juninos  e que  continuem todos os anos a reavivar velhas tradições, reforçar nossos laços de origem e recriar no presente, a caminhada de nossos antepassados.A população agradece o empenho, os momentos alegres, a organização cuidadosa e a oportunidade de participar de uma festa popular, pois, com a dinâmica da vida de hoje, que criou  um tempo novo, carecemos de mais espaço para o convívio, para a alegria, para o sonho...
   Portanto, unindo música, dança, casamento, teatro, leilões, bingos, quadrilhas, sanfoneiros e boas comidas típicas, as festas juninas expressam um imaginário rico em passagens da vida cotidiana de um povo simples. E é, antes de tudo, uma oportunidade onde se dança e canta os costumes herdados da sabedoria de nossos ancestrais. Sábios ensinamentos de um tempo que o próprio tempo se encarregou de deixar para trás, mas que nossa memória nega-se de esquecer.
       Termino no meu bom “ matutês” :  “ Anavantur” ( avant tour) , “ balancê”  ( balancer) ,  “ anarriê ( derrière) e “ cé fini” ( c´est fini).

   Dilene Germano



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