quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

IGUAL AO VINHO...SOU VINTAGE! (Dilene Germano)


“Sei que tenho muitos anos. Sei que venho do século passado, e que trago todas as idades, mas não sei se sou velha, não. VOCÊ ACHA QUE EU SOU?” (Cora Coralina)

È claro que não acho Cora Coralina. E eu... chegando aos 70 sou velha?  Como assim?  Eu me sinto tão cheia de ânimo, de disposição, de vontade de viver !  Quero cantar mesmo desafinada, dançar, rir.  Para muita gente eu pago mico. Não pode. Não pode? Quem é velha? Eu ou eles?  Qual a proposta? Morrer em vida?

A vida tem o tamanho que a gente dá. Ela pode ser pp ou GG.  Se, por medo do olhar alheio, restringimos nossa área de lazer, o que será de nós?
O que é ser velha?  O que uma velha pode ou não fazer?  Poucas questões são tão subjetivas quanto esta.

 Comecei, lá pelos 50, a ter dificuldade de “enxergar bem de perto”.  Agora, de longe, a coisa não funciona desde criança. Dizem que é vista cansada. Está cansada de que, gente bonita? Só se for de gente pela metade. Eu aqui toda animada, tanta coisa para ver ainda, não cansa não. Vamos lá.
Reconheço que o corpo não é mais o mesmo.  A visão deu defeito.  O cabelo mudou de cor.  Nem vou falar do resto. Mas, só passa por isso quem não morre cedo.  Então é lucro. A gente vai fazendo umas gambiarras... e segue.

O tempo que passa, dá uma desgastada básica aqui e ali. Mas, traz a paz do ensinamento. ! Envelhecer   para certas   pessoas é um saco!   Mas, por outro lado, quando se está mais velha, têm coisas que a gente tira de letra. E isso vale as ruguinhas do mundo.


 Estou  numa  leveza de quem aprendeu que tudo acaba tendo um jeito. A satisfação com a felicidade, não perfeita, mas possível.
Uma falta de cor no cabelo, uns defeitos aqui, uma enrugada ali.  Se eu fosse móvel, iam dizer que era pátina e me amar!
E gente, não vale nada?  São minhas marcas, desgaste natural da quilometragem percorrida. Estão ali para mostrar que eu vivi.

Graças a Deus, não tenho síndrome de Gabriela: “eu nasci assim, eu cresci assim, e sou sempre assim, vou morrer assim...! Prefiro ser a metamorfose ambulante de Raul Seixas.
A medida que o tempo passa, vou pouco a pouco rompendo o casulo e percebo que vou ficando mais espontânea. Parece que já obedeci a todos os protocolos e agora me permito à quebra de todos!

Permitir...estou nessa vibe...coisas da idade!

Como o vinho, agora mais velha, apurei o sabor.  A garrafa, está meio desgastada, o tempo deixa suas digitais.  Mas, lapida o conteúdo. Que no total, agora desce mais suave.
Quer saber de uma coisa? Eu não sou velha coisa nenhuma. Estou até curtindo e tentando aprender inglês! Então...I´M NOT OLD, I´M VINTAGE.

Fique na paz!
          Dilene Germano

                

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