sexta-feira, 9 de maio de 2014

NA PAREDE DA MEMÓRIA! (Dilene Germano)


Numa sala do meu passado, existe uma parede chamada história, ela é toda enfeitada de quadros de memórias. De vez em quando, eu entro nessa sala procuro a parede e seleciono alguns quadros para admirar, lembrar...
E hoje, resolvi selecionar alguns quadros para admirar e de repente me  lembrei de  um trecho de música que Elis Regina cantava como ninguém: "Na parede da memória, essa lembrança é o quadro que dói mais." E a lembrança de minha mãe veio automaticamente povoar meus pensamentos. Não com dor, mas com saudade de tudo que vivemos juntas. E, é este quadro de bela composição que, na parede da minha memória, me faz parar diante dele e contemplar minha vida como se estivesse em uma galeria de arte. À autora do quadro, minha mãe, uma grande costureira,  dedico este poema de quem , infelizmente, desconheço a autoria.
 As mãos de minha mãe
“No tecido da história familiar, as mãos de minha mãe
reforçaram as costuras para nos protegerem
de qualquer empurrão da vida …
As mãos de minha mãe uniram com um alinhavo
as partes do molde sem esquecer que cada uma é diferente
da outra e que juntas fazem um todo como a família …
As mãos de minha mãe fizeram bainhas para que pudéssemos
crescer para que não nos ficassem curtos os ideais …
As mãos de minha mãe remendaram os estragos
para voltarmos a usar o coração sem fiapos de ressentimentos …
As mãos de minha mãe juntaram retalhos para que
tivéssemos uma manta única que nos cobrisse …
As mãos de minha mãe seguraram presilhas
e botões para que estivéssemos unidos
e não perdêssemos a esperança …
As mãos de minha mãe aplicaram elásticos
para  podermos nos adaptar folgadamente às
mudanças exigidas pelos anos …
As mãos de minha mãe bordaram maravilhas para
que a vida nos surpreendesse com as suas contínuas dádivas de beleza …
As mãos de minha mãe coseram bolsos para guardar
neles as moedas valiosas das melhores recordações e da minha identidade …
As mãos de minha mãe, quando estavam quietas,
zelavam os meus sonhos para que alimentassem
os meus ideais com o pó das suas estrelas …
As mãos de minha mãe seguraram-me com linhas mágicas,
quando entrava na vida …para começar a vesti-la!
As mãos de minha mãe nunca abandonaram o seu trabalho.
E sei muito bem que hoje, onde estiverem, fazem orações por mim …
E eu … Eu beijo-as como se recebesse bênçãos!”
Fique na paz!
 Dilene Germano
 


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